sábado, 24 de maio de 2014

Alimentos convencionais não são suficientes

Como citado no post anterior, a desnutrição é um mal que atinge várias populações carentes pelo mundo e afetam mais perigosamente as crianças por ainda estarem em desenvolvimento e, assim, as consequências são bem danosas. Um problema cotidiano no combate à desnutrição infantil é a inaptidão do organismo da criança em receber alimentos convencionais por terem permanecido muito tempo sem ter alimentação suficiente.

Conforme o relatório “Famintos por Atenção” da Medecins Sans Frotieres (MSF), a ajuda alimentar dada às crianças desnutridas em situações emergenciais não são suficientes para a recuperação delas e alerta para a necessidade de mudá-la para garantir uma dieta rica em nutrientes para crianças. Isso se justifica pelo fato de a desnutrição não ser somente a falta de alimentos, e sim a ausência de um ou mais dos 40 nutrientes básicos para o dia-a-dia como zinco, selênio, nitrogênio, vitaminas e aminoácidos essenciais.

As vitaminas, por exemplo, são essenciais para o nosso metabolismo, pois muitas vitaminas originam as coenzimas de muitas enzimas, enquanto outras são precursoras de hormônios. Um exemplo é a Tiamina, vitamina B1, que origina a tiamina pirofosfato (fig. 1) atuando em vários sistemas enzimáticos que catalisam reações do ciclo de Krebs, no metabolismo oxidativo de glicídeos e lipídeos, além de ser fundamental para o funcionamento do cérebro, músculos e nervos.

Fig. 1 – Conversão da Tiamina em Tiamina pirofosfato

Assim, outras alternativas vêm surgindo no intuito de contornar esse problema e recuperar o estado nutricional dessas crianças. A própria MSF utiliza alimentos conhecidos como Alimentos Terapêuticos Pronto para Uso, por eles terem todos os nutrientes necessários às crianças em níveis corretos e já prontos para serem absorvidos pelo organismo, além de não conterem água e não necessitarem de cozimento, o que elimina o risco de contaminação e de perda de nutrientes. As embalagens desses alimentos permitem a estocagem em longos períodos, além de estarem disponíveis em porções individuais, o que facilita adesão ao tratamento.

O UNICEF também tem colaborado com iniciativas como essa visando a recuperação de crianças em áreas muito afetadas pela fome. Em parceria com o Ministério da Saúde e com a empresa Joint Aid Management, detentora da patente do alimento, o UNICEF lançou em 2010 a primeira fábrica de Alimento Terapêutico Pronto para Uso (ATPU) na cidade da Beira em Moçambique. Essa ação se deveu pelo fato de 4% das crianças menores de cinco anos em Moçambique sofrerem de desnutrição aguda, e entre estes um pouco mais de 1% sofre de desnutrição aguda grave.

O ATPU é uma pasta baseada em amendoim, que contém uma mistura de leite em pó, óleo, açúcar, vitaminas e minerais em proporções adequadas para o tratamento de uma criança desnutrida. Outra vantagem dele é que pode ser usado sem nenhuma preparação ou supervisão especial, de forma que os próprios pais podem dá-los às crianças desnutridas em casa evitando gastos do governo com alimentação terapêutica nos hospitais e centros de saúde. Traduzindo para o dito popular, para o governo é possível matar dois coelhos com uma só cajadada.
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As pesquisas em torno das consequências da desnutrição em crianças e como tratá-la continuam e o nosso blog se compromete a buscar e repassar os resultados a vocês, leitores. Continuem acompanhando.



Fontes:

http://www.unicef.org/mozambique/pt/media_5512.html

http://www.msf.org.br/conteudo/29/desnutricao/

http://www2.ufpel.edu.br/iqg/db/Apresenta%E7%F5es_PPT/Textos%20Complementares/Vitaminas%20e%20Coenzimas.pdf

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Piloto

Uma em cada quatro crianças menores de cinco anos de idade sofrem com a desnutrição crônica o que provoca atrofiamento de seu organismo. Esse dado foi veiculado por uma agência da ONU no ano passado. Esse fato é muito grave, pois o dano causado ao corpo e ao cérebro de uma criança pelo atrofiamento é irreversível, sendo as consequências percebidas no prejuízo do desempenho na escola e mais tarde no trabalho, além de expor as crianças a um maior risco de morrer por doenças infecciosas.

A concentração dessas crianças não é uniforme, pois a maior parte delas encontram-se em países subdesenvolvidos. Cerca de 80% vivem em apenas 14 países. Já no Brasil o estudo Evolução da Desnutrição Infantil no Brasil e o Alcance da Meta dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, divulgado pelo Ministério da Saúde, em fevereiro de 2013, demonstra que o país melhorou sua taxa de desnutrição nas últimas décadas. Crianças menores de cinco anos superaram o prejuízo de peso ideal, e acredita-se, no estudo, que aconteça o mesmo com a altura na próxima década.

Apesar dos avanços, esses estudos citam que ainda são encontradas desigualdades importantes no Brasil, pois com seu tamanho continental há diferenças entre as regiões geográficas, as classes de renda e os grupos populacionais. A Região Norte ainda apresenta elevada prevalências de déficit de altura e de peso provocados pela desnutrição infantil.

Mas onde entra a bioquímica nessa história? Etimologicamente a bioquímica significa “química da vida” e o fator primordial para a manutenção da vida e das atividades diárias dos seres vivos é a nutrição, que é feita através de moléculas presentes nos alimentos. Daí vem a química, pois a glicose é a fonte primária de energia para o corpo, e todo o mecanismo de conversão desse carboidrato em energia é estudado pela bioquímica.

Assim, várias alternativas vêm sendo criadas para a resolução da desnutrição infantil, com base na reposição dos nutrientes necessários para o desenvolvimento da criança, como a glicose e as proteínas, que são formadas por peptídeos denominados aminoácidos. É em cima dessas soluções para o problema da desnutrição infantil que irei trabalhar, sempre relacionando os mecanismos de atuação das propostas  com a bioquímica.


Fontes: 

http://www.onu.org.br/165-milhoes-de-criancas-estao-desnutridas-em-todo-o-mundo-80-em-apenas-14-paises/

http://www.ebc.com.br/noticias/internacional/2013/06/unicef-diz-que-combate-a-desnutricao-infantil-deve-ser-prioridade