domingo, 3 de agosto de 2014

Até Breve

Estamos chegando ao fim do período e, consequentemente, à última postagem no nosso querido blog. Durante todas as postagens anteriores tentei buscar alternativas no Brasil e no mundo para a resolução do grave problema da desnutrição infantil que ainda acomete cerca de 20 milhões de crianças em todo o mundo.
De todas as alternativas apresentadas a melhor alternativa sem dúvidas foi o uso dos Alimentos Terapêuticos Pronto para Uso, que é fornecido pela Unicef principalmente em países africanos através de acordos com a empresa detentora da patente do produto. As principais qualidades desse alimento é o fato de já virem com os nutrientes em quantidades corretas e em porções ideias o que não requer treinamento na alimentação da criança por parte da mãe.
                                                Criança africana se alimentando de RUTF
Outros benefícios desses RUTF (sigla em inglês que significa Ready-to-Use Therapeutic Food) são o fato de não precisar ser misturado com água, evitando assim o risco de proliferação de bactérias em caso de contaminação acidental, além de não correr o risco de perder nutrientes durante o cozimento, pois não é necessário fazê-lo. Esses alimentos foram uma verdadeira revolução no combate à desnutrição infantil no mundo.

No Brasil, vimos vários programas que foram adotados pelo governo federal no intuito de diminuir a desnutrição, o que realmente aconteceu, mas não de maneira uniforme. Áreas mais distantes das capitais e das grandes metrópoles ainda são acometidas com uma taxa relativamente alta de desnutrição infantil, a exemplo das crianças indígenas.

Segundo o DataSUS, 55% das mortes por desnutrição infantil no Brasil ocorre entre crianças indígenas, o que provoca preocupação entre os órgãos que trabalham na proteção dos índios, a exemplo da  FUNAE. Isso se deve principalmente pela mudança dos hábitos alimentares dos índios devido ao contato com os brancos, como o abandono das práticas agrícolas, a menor oferta de caça e pelo incentivo monetário, dado a partir dos salários, benefícios sociais e aposentadorias. Tudo isso fez com que os indígenas passassem a comprar ao invés de produzir.
Enfim, a desnutrição infantil ainda é um problema sério que deve ser contornado pelo esforço de todos, tanto dos países envolvidos, como de países desenvolvidos que contribuem também para esse quadro, mesmo que de forma indireta através do capitalismo feroz.
Bom, pessoal, é assim que terminamos as nossas enriquecedoras discussões acerca dos problemas da fome no mundo e, principalmente, da desnutrição infantil. Boas férias a todos e até o próximo período.

Fontes:
http://www.questaoindigena.org/2013/04/governo-do-acre-cria-plano-emergencial.html
http://www.greenme.com.br/viver/especial-criancas/102-desnutricao-de-criancas-indigenas-e-responsavel-por-55-das-mortes-registradas-no-brasil
http://motherchildnutrition.org/malnutrition-management/info/rutf-plumpy-nut.html#.U96g3ONdV1Y
http://www.who.int/maternal_child_adolescent/topics/child/malnutrition/en/

sábado, 26 de julho de 2014

A Importância da Quinoa

A agência de ajuda humanitária Save the Children, no seu relatório mais recente diz que 300 crianças morrem de desnutrição em cada hora, totalizando 2,6 milhões de crianças por ano.
Apesar dos esforços globais para combater a segurança alimentar, a desnutrição infantil crónica tem sido largamente ignorada, colocando quase 500 milhões de crianças em risco de danos permanentes nos próximos 15 anos.
A desnutrição é uma crise em grande parte oculta, mas ela atinge uma em cada quatro crianças em todo o mundo, disse Carolyn Miles, presidente da Save the Children. "Isso provoca danos ao longo da vida e é um grande assassino de crianças. A cada hora do dia, 300 crianças morrem por causa da desnutrição.”
Segundo a pesquisa seminal publicado na revista médica “The Lancet” em 2008, um conjunto de 13 intervenções básicas podem evitar a grande maioria de desnutrição, principalmente na janela de 1.000 dias-crítica entre a concepção e a idade de 2 anos. Estes incluem encorajar a amamentação para evitar água contaminada, a introdução adequada de alimentos variados para as crianças, a fortificação de alimentos básicos e vitaminas.
Essa necessidade de alimentação adequada “no mínimo” até os dois anos se deve a resultados obtidos durante programas de prevenção da desnutrição infantil em países pobres, como no Haiti. Percebeu-se que depois dos três anos de idade podia-se alimentar a criança bem que ela não recuperaria mais o déficit de desenvolvimento perdido. Assim, concluiu-se que é muito mais válido a prevenção até os dois anos de idade do que o tratamento acima dessa idade.
Uma saída alternativa para o tratamento da desnutrição infantil vem sendo estudada e já foi amplamente utilizada em países. A quinoa é uma espécie da família do espinafre, de alto valor nutricional que já foi amplamente usado para reduzir a desnutrição infantil em países andinos, como o Equador e Chile. Este uso começou por lá porque a espécie é tipicamente dessa região e só cresce em climas frios característicos desse lugar.
Colheita de quinoa em países andinos.
A quinoa vem aumentando a sua importância a cada ano no cardápio mundial devido ao seu alto valor nutritivo, pois contém todos os vinte aminoácidos essenciais e vitaminas, além de não conter glúten, não se tornando um problema para quem tem alergia a essa substância. A importância da quinoa, também no combate à desnutrição, é considerada tão grande que a ONU declarou no ano passado que 2013 era o Ano Internacional da Quinoa com afirmando que a ela pode diminuir drasticamente a insegurança alimentar e transformar a dieta mundial. Ela, hoje, já é usada até pela NASA como base alimentar para seus astronautas.
Uma preparação de quinoa com outros vegetais. Parece gostoso...
Porém, a importância que a quinoa adquiriu no mundo trouxe um problema que já está preocupando. O alto preço que o grão está adquirindo vem deixando a ONU preocupada, pois os valores altos podem prejudicar o uso dele para o combate à fome. Um exemplo disso é o crescimento da desnutrição infantil em áreas de cultivo de quinoa, pois seus habitantes não conseguem mais pagar pelo grão devido aos altos preços e a baixa renda deles.

Nesse sentido, o mundo está correndo o risco de perder mais uma alternativa no combate à desnutrição em geral, principalmente à infantil que, como já explícito em outras postagens, está em fase de desenvolvimento e precisa muito de nutrientes adequados. Fica evidente, então, que a lógica capitalista de produzir lucro a qualquer custo vai continuar deixando pessoas passarem fome e as crianças, por serem mais vulneráveis, continuarão morrendo numa proporção assustadora por muito tempo.


Fontes:
http://noticienciadigital.blogspot.com.br/2008/10/quinoa.html
http://eco4u.wordpress.com/tag/desnutricao/
http://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/valorizada-quinoa-se-torna-inacessivel-em-sua-terra-bolivia-2791520
http://blogcomciencia.com/2013/08/14/quinoa-um-alimento-completo/
http://www.onu.org.br/ano-internacional-da-quinoa-pode-diminuir-inseguranca-alimentar-e-transformar-a-dieta-mundial/
http://www.onu.org.br/onu-lanca-ano-internacional-da-quinoa-para-combater-a-desnutricao-mundial/
http://www.voaportugues.com/content/article-03-06-2012-save-the-children-health-142059903/1451086.html
http://www.universojatoba.com.br/bem-estar/nutricao/a-quinoa-e-uma-aliada-no-combate-a-desnutricao

sábado, 19 de julho de 2014

Programa Fome Zero

Hoje vou falar sobre o Programa Fome Zero, que foi instituído no primeiro governo do ex-presidente Lula, que tinha entre suas diretrizes o combate à desnutrição infantil. É um programa do Governo Federal, que visa o direito de alimentação da população brasileira. Uma forma do governo dar cidadania às populações vulneráveis à fome. No Brasil, existem mais de 10 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza, o que significa que nem o acesso a alimentação é saudável.
Para os criadores do programa, combater a fome não representa um “gasto”, mas um investimento. Investimento em cidadania e nos direitos humanos. Tendo em vista que no Brasil não faltam alimentos, mas sim renda suficiente para a alimentação adequada de grande parcela da população, criou-se também o Programa Bolsa Família que é intimamente ligado ao Programa fome zero.
Se os milhões de brasileiros e brasileiras ameaçados pela fome tiverem renda, aumentarão o consumo e, portanto, a produção de alimentos. Isso significará a geração de milhões de novos empregos na agricultura familiar e na agroindústria alimentícia, que hoje tem uma grande capacidade ociosa. Enfim, mais consumo, mais produção e, também, mais empregos. O que significa um Brasil mais desenvolvido. E quem combate a fome ajuda ainda a combater, também, as doenças. Quanto mais alimentação saudável, menos gastos com remédios, médicos e hospitais.
O programa foi feito para atuar com base em três vertentes:
  • políticas estruturais , voltadas para as causas profundas da fome e da pobreza, como a geração de empregos, a reforma agrária, o acesso à saúde e à educação;
  • políticas específicas , para atender diretamente as famílias no acesso ao alimento, como a ampliação da merenda escolar, o cartão alimentação, a ampliação do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), a educação alimentar;
  • políticas sociais , a serem implantadas por governos estaduais, prefeituras e pela sociedade organizada de acordo com as necessidades de cada região, com o apoio do Ministério Extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome (MESA). Entre elas estão a compra de alimentos da agricultura local para programas públicos, os bancos de alimentos, os  restaurantes populares e as hortas urbanas.

Como foi exposto em postagens passadas, as áreas de desnutrição infantil presente no Brasil não são uniformes e, por isso, cada região merece uma atenção diferenciada do governo. No Fome Zero também foram discriminadas as regiões que mais necessitavam de atenção na época da sua implantação. As áreas prioritárias foram assim divididas:
  • Municípios do semi-árido nordestino, incluído o Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais;
  •  Acampamentos e assentamentos rurais;
  • População que vive dos e nos lixões;
  • Áreas de remanescentes de quilombos (quilombolas) em situação de risco nutricional;
  • Aldeias indígenas em situação de risco nutricional. 

O Programa Fome Zero não chegou a cumprir o objetivo ganancioso de Lula em garantir pelo menos três refeições diárias a todos os brasileiros, mas é inegável a contribuição para o combate da fome no Brasil. Provas dos benefícios que o programa trouxe são os vários prêmios que o ex-presidente e o programa receberam internacionalmente, inclusive sendo usado com molde para combate à fome em outros países. Um exemplo disso foi o reconhecimento da ActionAid , confirmando que a abordagem brasileira na luta contra a fome, sob a forma do Programa Fome Zero de Lula, foi a mais bem-sucedida estratégia no mundo em desenvolvimento.


FONTE: 

file:///C:/Users/Junior/Downloads/40267-170199-1-PB.pdf
http://www15.bb.com.br/site/fz/mapa/DocPrefeitos.htm
http://bolsa-familia.info/mos/view/Fome_Zero/
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u639016.shtml

sábado, 12 de julho de 2014

Atenção Nutricional à Desnutrição Infantil

Instituída em 18 de outubro de 2012, a Agenda para Intensificação da Atenção Nutricional à Desnutrição Infantil (ANDI), é um programa que funciona integrado à Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), aprovada em 17 de novembro de 2011, que visa a vigilância alimentar e nutricional, nutrição e saúde da população brasileira, mediante o incentivo à alimentação saudável e adequada, focando no cuidado à criança menor de cinco anos de idade
Tendo por base o fato de o Brasil não ter conseguido diminuir os índices de desnutrição infantil de modo uniforme, convivendo com os extremos de desnutrição e obesidade infantil lado a lado, verificou-se necessário criar essa agenda para intensificar e focar as ações de combate e acompanhamento da fome nas áreas que ainda apresentam altos índices de desnutrição infantil, como algumas cidades da região Norte, principalmente em aldeias indígenas.
Para isso se faz necessário o mínimo compromisso dos municípios abrangidos pelo programa de forma que possibilitem o pleno funcionamento das estratégias adotadas pelo programa. Alguns desses compromissos são:
  • organizar a atenção nutricional na área de saúde no âmbito de sua atuação, por meio de normatização das ações e dos processos de trabalho na atenção básica, nos centros especializados e em âmbito hospitalar, com ênfase na atenção nutricional à desnutrição infantil
  • realizar o suporte técnico às Equipes da Atenção Básica, do Programa de Agentes Comunitários da Saúde(ACS), da Estratégia Saúde da Família (ESF) e do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) para a realização das ações de atenção à saúde da criança, vigilância e estimulação do desenvolvimento infantil e de alimentação e nutrição na rede de atenção básica à saúde
  • fomentar as ações de redução da desnutrição infantil na rede de atenção à saúde
  • promover a alimentação adequada e saudável, com base nas diretrizes do Guia Alimentar para População Brasileira
  • acompanhar a situação alimentar e nutricional da população por meio do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN)
Assim, observando esses compromissos é possível determinar que um dos objetivos do programa é fazer com que os municípios tenham mais participação na no combate à fome entre as crianças e no acompanhamento  dos resultados dos programas implantados, pois o próprio município é que tem maior experiência com seus determinantes sociais causadores da desnutrição infantil.
Quanto à forma como a reversão do quadro de desnutrição vai ser feito, o programa serve para intensificar a implementação e o acompanhamento de outros programas já existentes relacionados com a nutrição das crianças, como o Programa Bolsa Família, programas relacionados ao aleitamento materno, suplementação de ferro e de vitamina A. Vale ressaltar que as metas do programa são avaliadas anualmente.

FONTE:

http://dab2.saude.gov.br/sistemas/andi/

sábado, 5 de julho de 2014

Pastoral da Criança

Apesar do Brasil ter diminuído muito o déficit de peso ideal em crianças nas últimas décadas, como colocado em postagens passadas, ainda há diferenças entre as diversas regiões do país devido ao tamanho do território brasileiro e às diferenças de renda existentes. Assim, alguns organismos têm surgido no sentido de socorrer essas crianças brasileiras que ainda estão dentro da faixa da desnutrição infantil.
Um exemplo é a Pastoral da Criança, organismo de ação social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que atua na organização da comunidade e na capacitação de líderes comunitários que ali vivem para o acompanhamento e estruturação das famílias que vivem próximas às UBS no sentido de promover o apoio integral às crianças que ali vivem. Fundada em 1983, na cidade de Florestópolis, Paraná, pela médica sanitarista e pediatra, Dra. Zilda Arns Neumann, e pelo então Arcebispo de Londrina, hoje cardeal emérito, Dom Geraldo Majella Agnelo. A Pastoral da Criança hoje se faz presente em todos os estados brasileiros e em outros 21 países da África, Ásia, América Latina e Caribe.
A filosofia humanitária da Pastoral pode ser resumida em sua visão e missão que são:
  • Visão: trabalhar por um mundo sem mortes materno-infantis evitáveis e onde todas as crianças possam viver em ambiente favorável ao seu desenvolvimento.
  • Missão: promover o desenvolvimento das crianças desde o ventre materno até os seis anos, orientando e contribuindo para que as famílias e comunidades sejam agentes da própria transformação.

As ações básicas da Pastoral se iniciam quando a criança ainda está no útero, pois entendem que todo mundo tem o direito de viver com dignidade e esse direito se inicia na concepção de  uma nova vida e, por isso, começam as atividades já com a gestante orientando sobre a importância do pré-natal, de um parto de qualidade, do alojamento conjunto e do aleitamento materno. Em cada visita mensal, o líder entrega para a gestante uma cartela com informações preciosas sobre o período de sua gravidez e o desenvolvimento do bebê.
Esse acompanhamento se faz necessário pelo fato de a dieta da mãe interferir diretamente no metabolismo da criança, pois a criança depende dos nutrientes vindos da mãe através do cordão umbilical.
Durante o período fetal e neonatal a energia derivada para o feto provém continuamente via cordão umbilical na forma de glicose, lactato derivado de glicose e em menor escala dos aminoácidos. A neoglicogênese hepática pode ocorrer no útero e certamente, após o nascimento. No entanto, não se verifica a conversão de aminoácidos para glicose. Da mesma forma, ácidos graxos ou corpos cetônicos não suprem energia para o feto sendo armazenada no feto próximo ao termo da gestação. A gordura acumula-se à razão de 100 calorias por dia no último mês de gestação, especialmente na nuca, no pericárdio e fígado sob a forma de "gordura marrom", rapidamente mobilizada ao nascimento para controle da temperatura do RN.
O glicogênio , fonte vital de energia para o RN nas primeiras horas de vida, acumula-se especialmente no fígado ( 5% do seu peso) e no músculo cardíaco(4 % do peso). Estes estoques são prejudicados quando ocorre prematuridade, retardo de crescimento intra-útero ou anóxia neonatal.
Após o nascimento da criança os líderes orientam as mães, pais e familiares a acompanhar e cuidar do desenvolvimento da criança em cada etapa da vida. Orientam sobre os direitos, o desenvolvimento e aprendizagem da criança, os sinais de risco para a saúde e dão informações para a prevenção e tratamento da diarreia e de infecções respiratórias. Realizam também avaliação nutricional, orientação sobre higiene, saúde bucal e imunização.


Fontes:
http://www.nutricaoclinica.com.br/kids-nutrologia-pediatrica/nutrologia-pediatrica-metabolismo-energetico-na-crianca
http://pastoraldacrianca.org.br/pt/

domingo, 22 de junho de 2014

Reflexos da Desnutrição Infantil no Desenvolvimento

    As consequências da má nutrição durante a fase infantil não traz consequências para o indivíduo somente nessa fase, mas reflete em problemas que se manifestarão durante todo o desenvolvimento da criança e na fase adulta. Hoje, então, falarei mais sobre aspectos que caracterizam uma infância sem a nutrição necessária e as consequências dessa desnutrição no adulto.
    As doenças que desenvolvemos muitas vezes são analisadas de fora superficial e focando no sintomas que apresentam. Porém, muitas doenças apresentam muito mais do que causas objetivas e definitivas, pois para entendê-las hoje temos que buscar o caráter subjetivo delas ao observar os determinantes de saúde.Esses determinantes englobam fatores como o ambiente em que as pessoas vivem, o dinamismo psicológico, aspectos antropológicos, etc.
    Nesse sentido, é importante observar os fatores que determinam, no adulto, debilidades derivadas de problemas nutricionais na infância. A alimentação insuficiente, seja em quantidade seja em qualidade (como já discutimos nas postagens anteriores, a qualidade da alimentação é medida pela ingestão dos variados nutrientes que necessitamos diariamente), causa um ciclo vicioso que aumenta a susceptibilidade às doenças. Esse ciclo está representado no esquema abaixo:



     É importante citar que a fome aumenta a produção de cortisol, hormônio relacionado com o estresse, que é um dos principais precursores de doenças crônicas atualmente, devido ao ritmo de vida acelerado que a sociedade nos impõe.
    Uma característica prevalente em pessoas que não tiveram a nutrição adequada no mundo e no Brasil é a baixa estatura, que além de ser indicador da desnutrição está relacionado também com a pobreza, pois sabe-se hoje que a influência do meio é muito mais significativa do que a genética na determinação da estatura final do indivíduo. Assim, podemos elencar algumas causas da baixa estatura, algumas já citados semans atrás, como a nutrição materna insuficiente, a falta de aleitamento materno até seis meses, desnutrição intra-uterina, absorção de nutrientes prejudicada por infecções e parasitoses intestinais, etc.
     A evidência de que a estatura é influenciada pela desnutrição, consequente da pobreza, é mostrada no gráfico abaixo:



    As consequências a longo prazo da desnutrição infantil são derivadas diretamente das alterações fisiológicas do corpo na tentativa de se manter funcional na falta de nutrientes essenciais. Pesquisas mostram que crianças que foram desnutridas apresentam a respiração mais acelerada como uma tentativa do corpo dele de armazenar mais gordura corporal. Um quociente respiratório mais alto significa que a oxidação de gordura no corpo é menor, portanto a criança crescerá meno e ganhará menos músculos, menos ossos, e tenderá a usar a energia que ingeriu para acúmulo de gordura.
    Outra alteração importante que ocorre derivada da desnutrição infantil, comparando-se adolescentes de baixa estatura com controles sem baixa estatura, é a diminuição na produção de insulina pelas células beta do pâncreas e, consequentemente uma sensibilidade à insulina mais alta, como mostrado na tabela abaixo. Essas alterações podem levar a uma falência pancreática e ao aumento do risco de diabetes na vida adulta.



    Essas são algumas das alterações funcionais que ocorrem no indivíduo adulto que não teve nutrição adequada na infância. Existem outros problemas relacionados, mas o objetivo dessa discussão foi mostrar que os problemas vividos pelas crianças, como a fome, refletem diretamente no seu desenvolvimento e na sua qualidade de vida quando for adulto. Em resumo, pode-se fazer a análise da figura a seguir para saber as alterações fisiológicas no adolescente e adulto devido à desnutrição na infância.




Fonte:

http://www.scielo.br/pdf/ea/v17n48/v17n48a08.pdf

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Programa de Aquisição de Alimentos

Devido às suas dimensões e grande população, o Brasil ainda sofre com a desnutrição infantil em algumas regiões, mesmo com os programas de transferência de renda adotados na última década. No entanto, diminuíram muito os índices relativos à desnutrição infantil, o que deveu-se à várias iniciativas no âmbito social, dentre elas o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).

O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) promove o acesso a alimentos às populações em situação de insegurança alimentar e promove a inclusão social e econômica no campo por meio do fortalecimento da agricultura familiar.


O Programa propicia a aquisição de alimentos de agricultores familiares, com isenção de licitação, a preços compatíveis aos praticados nos mercados regionais. Os produtos são destinados a ações de alimentação empreendidas por entidades da rede socioassistencial; Equipamentos Públicos de Alimentação e Nutrição como Restaurantes Populares, Cozinhas Comunitárias e Bancos de Alimentos e para famílias em situação de vulnerabilidade social. Além disso, esses alimentos também contribuem para a formação de cestas de alimentos distribuídas a grupos populacionais específicos.
As vantagens desse programa são evidentes já que ajuda às famílias com risco de desnutrição a plantarem seu próprio alimento, gera renda para essas famílias ao passo que o governo inclui os produtos no mercado com preço compatível, além de abastecerem a rede de equipamentos públicos de alimentação e nutrição, a exemplo de Restaurantes Populares, Cozinhas Comunitárias, Bancos de Alimentos. Os alimentos produzidos pelo PAA também são fornecidos para entidades da rede socioassistencial como asilos, Apaes e abrigos.


Esse modelo brasileiro serviu de inspiração para países africanos na reversão das taxas de desnutrição. Nesses países a via de atuação do projeto é principalmente no fornecimento de alimentos para as merendas dos estudantes, que são cultivados por pequenos produtores familiares da própria localidade. Assim, além de ajudar no estabelecimento de uma alimentação adequada, o projeto ainda tem melhorado o nível de aprendizado das crianças.


Fontes: 

http://portal.mda.gov.br/portal/saf/programas/paa
http://www.fnde.gov.br/fnde/sala-de-imprensa/noticias/item/3845-alimenta%C3%A7%C3%A3o-escolar-ajuda-no-combate-%C3%A0-desnutri%C3%A7%C3%A3o
http://www.mds.gov.br/segurancaalimentar/decom/paa
http://brazilafrica.com/alimentos/modelo-brasileiro-no-combate-a-fome/